A história de Campo Bom
Seus primeiros habitantes foram os índios Coroados e Minuanos. A colonização por imigrantes europeus começou em 1814, quando Antônio Borges de Almeida Leães e Maria Angélica Velles receberam do governo imperial sesmarias (lote de terra abandonada) junto ao Rio do Sinos. A área das sesmarias abrangiam o atual território do município , que servia na época de passagem para tropeiros de gado que vinham dos campos de cima da serra(são francisco e vacaria) em direção á capital da província. Estes paravam no local para descansar. É justamente á esses tropeiros que é atribuído a denominação do atual nome do município. O local era abundante em água e pasto, parada obrigatória dos tropeiros, que referiam-se à ele como Campo Bom.
Campo Bom foi colonizada em 1825, emancipando-se de São Leopoldo, em 31 de janeiro de 1959. A predominância na formação étnica do município é a germânica. Se instalaram no Porto Blos, vindos de São Leopoldo pelo Rio do Sinos. No total foram 26 famílias.
A partir da chegada dos alemães, a trajetória de campo bom é descrita em três etapas distintas. A primeira é a etapa colonial, que dura cem anos, até 1926, quando a colônia é elevada á vila, tornando-se o 2° distrito de São Leopoldo. Nesse período foi construído o cemitério evangélico, em 1826, hoje localizado na Avenida Brasil, ao lado da Igreja Católica.
Em 1828, num terreno doado pelo imigrante Johann Peter Hirt, foi construído em frente ao cemitério evangélico uma capela de madeira, que veio à ser a primeira igreja evangélica do sul do país, já em 1851 foi erguida uma estrutura de pedra na qual foram celebradas missas até o seu desativamento em 1976. Hoje em dia, a construção da antiga capela avança sobre a calçada da Avenida Brasil, e é o símbolo do patrimônio histórico de campo bom. Também no período colonial houve a participação de colonos Campobonenses na revolução farroupilha (1835/1845), a inauguração da navegação á vapor (1852), ligando campo bom á porto alegre, e a fundação da empresa Vetter & Cia., curtume e primeira fábrica de calçados de campo bom (1890). Nessa época surgiram ainda as olarias e a linha férrea de canela (1903), que passava pelo município, estes foram fundamentais para a ascensão da economia local.
A segunda fase da história de campo bom é a transição, quando a partir de 1927, o então distrito Leopoldense começa a deixar de ter uma economia essencialmente agrícola. Há um fluxo migratório e começam á surgir profissionais liberais. Campo Bom começa á ganhar uma estrutura de cidade, em 1933 com uma linha de ônibus intermunicipal , em 1935 com um cinema e a inauguração da estação férrea, inauguração de novas fábricas, e em 1947 com a construção do hospital beneficente de campo bom Lauro Réus.
A terceira fase é a fase de urbanização que vai até os dias atuais. Ela começa em 1950, quando se fortalece a indústria de transformação e a população cresce significativamente, as ruas começam á ser pavimentadas, também á um desenvolvimento sócio-econômico, que torna a localidade apta á reivindicar sua emancipação, que veio em 31 de janeiro de 1959.
De novembro á dezembro de 1961, o município promoveu a 1° Festa Nacional do Calçado, mais tarde esse fato daria origem á Festa Nacional do Calçado(Fenac) em Novo Hamburgo. Já em 1967, o empresário Cláudio Strassburguer começou á vender calçado para o mercado Inglês, tornando Campo Bom a primeira cidade do Brasil á exportar calçado.
Os pioneirismos são marca registrada de Campo Bom, em 1977 o município teve o privilégio de ser pioneiro novamente, desta vez com a construção da primeira ciclovia da América Latina, uma via pública especial para ciclistas, com 18 quilômetros de extensão, permitindo deslocamento de bicicleta do centro aos bairros da cidade. Hoje em dia a obra é muito utilizada pela comunidade para fazer caminhadas ao longo do seu percurso.
Em 2004 foi construído o largo Irmãos Vetter, que conta com uma torre-mirante, chafarizes com iluminação artística, palco para shows, monumentos históricos, entre outros atrativos, uma grande homenagem á história do município e de seus habitantes.
Em 2008 foi construído o Centro de Educação Integrada (CEI), que abrange além de uma moderna escola, um complexo cultural com biblioteca, salas de cinema, teatro, anfiteatro ao ar livre e escola de arte-educação e o complexo esportivo com ginásio poliesportivo, quadras cobertas, quadras de areia e piscina.
Estes, e diversos outros acontecimentos, deram ao município seu aspecto atual.
Foto antiga do Centro de Campo Bom.
Foto atual do Centro de Campo Bom.
Foi no centro da cidade que começou o que hoje conhecemos como Campo Bom.
Ele se desenvolveu onde a Picada (atual avenida Brasil) se bifurcava dirigindo-se, à direita, para o Rio dos Sinos – Porto Blos e, para esquerda, em direção à Fazenda Leão (Sapiranga), Taquara e Alto da Serra.
Campo Bom era caminho para quem se dirigia a São Leopoldo (Sede da Colônia) ou Porto Alegre, fosse por terra ou por rio. Talvez, por isso, muitas casas e comércios se localizaram nessa região.
Próximo dessa bifurcação, construiu-se a igreja evangélica, junto a qual passou a funcionar a “Gemeinde Schule”, primeira escola de Campo Bom e, próximo da igreja, o cemitério.
Com a implantação da estrada de ferro em 1903, foi construída uma Estação nesse mesmo lugar. Essa Estação Ferroviária foi significativamente importante para o progresso dessa área, passando a contar com hotéis e clubes.
Em 1926, Campo Bom foi elevado a 10º Distrito de São Leopoldo, passando a ter uma subprefeitura que, na década de 40 funcionou da Rua Voluntários da Pátria, 135.
À esquerda, foto antiga da primeira igreja da cidade. A direita, foto atual, mostrando como a igreja se encontra nos dias de hoje.
À esquerda, foto de um dos túmulos que ainda sobrevive no primeiro cemitério municipal. À direita, foto do cemitério atualmente.
Este centro é uma área rica em recordações para quem sempre morou na cidade ou é filho e neto de morador daqui: as partidas de futebol no 15 de Novembro, os bailes no Farol (Hotel Blauth, hoje Sede do Clube Oriente), os passeios na Estação Ferroviária (Espaço Cultural Dr. Liberato) para ver o trem passar e “controlar” quem partia e quem chegava, os Kerbs na Sociedade Concórdia (Clube 15 de Novembro), o Cinema Imperial (Cine Rio – Apoteka), os carnavais de rua e nos clubes, são algumas lembranças.
Abaixo, fotos da antiga estação férrea e de como ela está nos dias de hoje.
À esquerda, em cima, foto do Hotel Blauth, hoje Sede do Clube Oriente.
À direita, em cima, e em baixo, fotos da Sociedade Concórdia, hoje Clube 15 de Novembro.
Abaixo, foto do antigo Cinema Imperial. Hoje, Farmácia de manipulação Apoteka.
O antigo prédio da Estação Ferroviária, funcionou como Prefeitura até 1988 passando, em seguida, a sediar a Biblioteca Pública Municipal Dr. Liberato Salzano e, hoje, é sede do Espaço Cultural Dr. Liberato.
(Imagem abaixo)
É no centro que se encontram o maior número de descendentes dos primeiros moradores de Campo Bom. Nomes como: Heldt, Bauer, Blos, Jacobus, Dreyer, Vetter, Hoffmeister, Lauer, Ermel, Schmidt.
Pontos Turísticos
A 1° fábrica de calçados de Campo Bom foi a empresa Vetter e Cia., criada por Jacob Vetter, em 1890. Jacob iniciou a atividade no bairro Rio Branco com a fabricação de chinelos e beneficiamento de couros.
Em 1904, seus filhos Emílio e Gustavo Vetter criaram a empresa Vetter S/A Indústria e comércio, nas proximidades da estação do trem. Em 1918, foi inaugurada a nova fábrica de calçados Vetter, dando um notório impulso econômico a então colônia.
Anos mais tarde a prefeitura adquiriu o antigo prédio da fábrica e todo seu terreno, e então no ano de 2004 foi realizada uma importante obra, a construção do Largo Irmãos Vetter.
O espaço foi projetado para o desenvolvimento de atividades culturais e recreativas da comunidade e região, como a feira do livro, feiras de artesanato, exposições de artes, shows, teatros, entre outros. Mostra o perfil inovador do município, que buscou preservar todos os elementos e estruturas originais, valorizando os símbolos do passado.
O largo resgata a história do município, com monumentos gigantes e com a preservação da fachada da antiga fábrica de calçados dos irmãos Vetter. Fazem parte do espaço a chaminé/mirante com 40 metros de altura, anfiteatro, praça de brinquedos com gramado sintético, espelho d’água, mandalas, chafariz e outros monumentos.
O largo localiza-se no coração da cidade e compreende uma área total de mais de 13 mil metros quadrados. É uma obra de arte construída especialmente para que as famílias se reúnam naquele espaço e compartilhem momentos importantes da história da nossa Terra.
Inaugurado em 2008, o Centro de Educação Integrada (CEI) é um local bastante futurista, que oferece espaços de educação, esporte e cultura para a comunidade.
A área de 53 mil metros quadrados do CEI é divida em três complexos. A escola projetada para 1500 alunos de 5° á 8° série. O complexo cultural com biblioteca, espaço para exposições, anfiteatro ao ar livre para 1,2 mil pessoas e duas salas de cinema de 120 e 105 lugares. E o complexo esportivo, que possui um ginásio com capacidade para 2,6 mil lugares, sala de ginástica olímpica, quadras de areia, piscina semi-olímpica térmica, enfermaria, e cabine para imprensa.
O CEI é uma obra de grande ousadia da administração pública campobonense, que deixa orgulhosos os moradores desta cidade.
Suas atividades iniciaram em um galpão de madeira no ano de 1828, em um terreno doado pelo imigrante Johann Peter Hirt. Além de cultos religiosos, casamentos, batizados, a capela servia para os filhos dos colonos receberem as lições das primeiras letras, ministradas em língua alemã. Foi a primeira igreja de culto evangélico do sul do Brasil, e uma das primeiras de todo o país.
A velha capela de madeira foi substituída em 06 de fevereiro de 1851, pela estrutura de pedra. Já o lançamento da torre aconteceu em 1917. sua arquitetura é eclética, com fortes traços da cultura alemã, tem escadarias de acesso, relógio, e uma área construída de 258,69 m².
Em 1976 a igreja foi desativa. Atualmente é utilizada apenas para encontros de grupos da comunidade. Mas futuramente poderá ser restaurada para ser utilizada em cerimônias festivas, como casamentos por exemplo.
Em 1994, seu prédio foi escolhido como símbolo do Patrimônio Histórico e Cultural de Campo Bom.
Hoje em dia a construção da antiga igreja avança sobre a calçada da Avenida Brasil, no centro da cidade.
Em 1935, Luiz Frainer inaugurou na cidade de Campo Bom o Cinema Imperial. Já no primeiro ano, foram exibidos ótimos filmes, entre eles destacaram-se: King kong, Sonho Dourado, Tardes de Outubro e O Campeão. Foi o primeiro cinema que existiu na cidade.
O prédio já sediou a “Danceteria Moinho”, famoso ponto de encontro de jovens da região.
Hoje em dia no histórico prédio do cinema encontra-se a farmácia de manipulação Apoteka.
Em 1903 foi aberta a estação Campo Bom, da Linha Ferroviária de Canela. A linha ligava Porto Alegre á cidade serrana de Canela. O prédio que servia como estação era muito pequeno, á ponto de dificultar o abrigo dos passageiros e o armazenamento das mercadorias. A ferrovia cortou a cidade ao meio, e mesmo antes de a ferrovia estar pronta, o comércio se revigorou devido aos trabalhadores na construção. A estação era conhecida por "velho galpão".
Em 1934, Emílio Vetter doou um terreno á alguns metros da pequena estação e cem mil tijolos para a Viação Férrea, que desta forma teve condições de efetuar a construção de um novo prédio concluído em 11/04/1935, com festas.
Durou menos de trinta anos em atividade, pois os trens foram desativados com a estação e o trecho em 1963. Dois anos depois, a Prefeitura já ocupava o prédio, primeiro, instalando ali sua sede(1965-1988), depois, a Câmara de Vereadores(1966-1970).
A partir de 1988, no antigo prédio da estação, foi criada a Biblioteca Pública municipal Doutor Liberato.
Em 1998 o prédio, que é patrimônio arquitetônico do município, sofreu uma reforma completa.
O prédio mantém seu valor como atrativo histórico cultural e é mais uma alternativa de lazer na cidade.
Campo Bom foi pioneiro na implantação da ciclovia na América Latina, que ocorreu em 1977. Hoje o passeio possui cerca de 21 quilômetros de extensão, sendo 7.200 metros um anel que circunda o centro da cidade.
A construção das ciclovias foi motivada pelo elevado número de bicicletas na cidade, que eram o principal meio de transporte.
Além das bicicletas, a ciclovia também é bastante usada pela população para a prática de jogging (caminhadas).
As ciclovias são um dos cartões postais da cidade. Uma obra que se transformou em exemplo na América Latina.
